sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NADA VAI NOS SEPARAR

Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Assim começa um matrimônio. Já se disse que o amor que temos pelo nosso clube de futebol é como um casamento e que “nada vai nos separar”. Desta forma, como fiz nos momentos alegres que tive com o Internacional, quero compartilhar a “momentânea” tristeza pelo fracasso no Mundial de Clubes FIFA 2010.


Outros momentos difíceis e alguns tão tristes quanto o atual já passei neste casamento eterno com o Inter. Por duas vezes “quase” vi meu clube ser rebaixado para a Série B do Brasileirão; perdemos uma final de Libertadores para o Nacional do Uruguai; fomos desclassificados dentro do Beira-Rio numa semi-final de Libertadores para o Olímpia do Paraguai – esta a maior frustração que presenciei; perdemos duas finais de Brasileirão e uma de Copa do Brasil; Mas, nada me fez separar do Internacional.


Por outro lado, olho as glórias: maior vencedor de regionais; maior vencedor de clássicos regionais; Tri-campeão Brasileiro e único de forma invicta (1979); Campeão da Copa do Brasil 1992; 4 títulos continentais – 2 Libertadores, 1 Recopa e 1 Sul-americana; e Campeão do Mundo FIFA 2006. O único Campeão de Tudo!


Para mim que encaro o futebol como uma paixão e não uma guerra, que respeito o adversário tanto na alegria como na tristeza, tinha que ter a hombridade de manifestar neste momento minha tristeza para todos que acompanharam meus artigos onde exaltei as glórias do Internacional. Afinal, “nada vai nos separar”.


Texto: Denilson Reis

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ELEIÇÕES 2010: QUE ONDA É ESSA?


Imagem: Diego Müller
As eleições 2010 trouxeram para o debate político a chamada “onda verde”. Além disso, tivemos a eleição de uma figurassa, o Tiririca. Tal como ocorreu na eleição do Lula fomos para o segundo turno com Dilma e Serra.


Em primeiro lugar, quero questionar esta tal “onda verde”. É inegável que a candidata do PV, Marina Silva fez uma votação extraordinária frente às candidaturas milionárias do PT de Dilma e do PSDB de Serra. Mas ao olharmos para os candidatos aos demais cargos, onde está o Partido Verde? Não elegeu nenhum Governador e nem Senador; serão apenas 15 verdes na Câmara dos Deputados. Ou seja, os votos em Marina nada estão relacionados a “onda verde”. Acredito que é o descontentamento com os chamados “majoritários” e sua política neoliberal.
Descontentamento e brincadeira também levaram o Tiririca a tornar-se Deputado Federal com a maior votação do país. Não vamos acreditar em projeto de um cidadão que debochou da própria condição de vir a ser Deputado. Neste mar de corrupção e falcatruas que dominam Brasília desde 1960, o povo resolveu exercer o voto do deboche e tome Tiririca neles. Aliás, são vários os “tiriricas”...
Ir para um segundo turno com o primeiro colocado com quase 50% dos votos e o segundo bem abaixo dos 40% é “torrar” a paciência do povo com mais campanhas eleitorais, deslocamento as seções em mais um domingo. Além dos exorbitantes gastos de campanha e de estrutura para a realização da votação. Segundo turno só deveria ocorrer em casos de o chamado empate técnico. Ou alguém acreditava em reversão dados os números do primeiro turno?
Para finalizar, está chegando o momento de liberar a população da obrigatoriedade do voto. Só assim vamos diminuir o risco de elegermos os “tiriricas” da vida, além de desobrigar eleitores descontentes com os projetos neoliberais de Dilma e Serra de votarem nulo.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Diego Müller (Estância Velha/RS)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A REBELIÃO DAS MÁQUINAS

Uma das séries cinematográficas mais espetaculares que vem atravessando décadas é “O Exterminador do Futuro”. Acompanhei todos os quatro filmes da série, todas muito boas. Mas, quando assisto aos filmes, lembro-me de um personagem histórico chamado Ned Ludd.

Ned Ludd foi um artesão que viveu no final do século XVIII, em Leicestershire, na Inglaterra. Era considerado um lunático que penetrava nas fábricas à noite e reduzia a pedaços as máquinas de tecelagem. Entre 1811 e 1816 o Movimento Ludista – inspirado em Ned Ludd – dedicava-se à destruição das máquinas e protestos contra a tecnologia. Argumentavam que as máquinas levariam ao fim da humanidade, pois tiravam seus serviços, levando ao desemprego, miséria, etc. Afinal, Ned Ludd e o Movimento Ludista eram realmente um bando de lunáticos ou seriam visionários?

Não cabe dúvida que a tecnologia vem avançando a passos largos desde que os Ludistas começaram a quebrar as máquinas. Conforme a tecnologia avança, as máquinas vão substituindo a mão-de-obra dos humanos. Onde isso nos levará? Segundo a série, as máquinas tomarão conta dos seres humanos, que terão de lutar como sub-raça contra o poderio tecnológico das máquinas. Muitos poderão argumentar que é apenas uma série de Ficção Científica, mas ela – a Ficção Científica – já antecipou muitas coisas que viríamos a desenvolver depois.

Não vamos ressuscitar o Movimento Ludista, mas uma tecnologia poupadora de mão-de-obra deve abrir caminho para outra forma de sobrevivência do trabalhador.

Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Diego Müller (Estância Velha/RS)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ALVORADA: 45 ANOS

Por Denilson Rosa dos Reis*

Alvorada completa neste mês de setembro 45 anos. Veja um pouco de sua História a partir do depoimento de Arnaldo Rodrigues Barbosa.

Serviços Públicos
A Prefeitura Municipal já se encontrava no mesmo local da atual, mas o prédio era outro. O atual prédio foi construído, pois o primeiro foi totalmente destruído por um terrível vendaval e temporal. A Prefeitura funcionou temporariamente em um prédio na parada 47 até a construção da atual sede. No início da década de 1970 não havia posto de saúde, muito menos hospital. Os atendimentos médicos eram realizados em dois consultórios particulares: Dr. Ênio e Dr. José. A Delegacia de Polícia localizava-se na Av. Presidente Getúlio Vargas, na parada 43 e os Correios e Telégrafos na parada 44. O primeiro Banco a ser aberto no Município foi o Banrisul, que se situava na entrada da Av. Maringá, parada 50. A vinda do Banco foi resultado do trabalho de uma comissão liderada por Pedro Antônio e Marta Godoy, que se dirigiram a Brasília para pleitear a instalação.

Comércio
Como um Município recém emancipado e com uma população de baixo poder aquisitivo onde a maioria trabalhava em Porto Alegre, o comércio começou tímido. Havia apenas três lojas na avenida: Vencedora, Lunalta e Bazar Noemi. A primeira farmácia foi a Farmácia Alvorada, do Seu Olau. Tradicional na cidade, opera até os dias de hoje, na parada 47. Havia apenas dois supermercados, ambos da mesma rede. Tratava-se do Supermercado Nair, localizados na parada 43 e 49. O restante do comércio desenvolvia-se em pequenos armazéns de secos e molhados. Leite e pão eram entregues a domicílio. O Município abrigava muitos tambos. Nesta época, realizava-se na parada 48, na quadra entre as ruas Alberto Pasqualini e Salgado Filho, uma feira de produtos alimentícios. O curioso é que estes produtos – porco, galinha, marreco, pato, cabrito, cachaça, melado, rapadura e frutas em geral – eram trazidos do Município de Santo Antônio da Patrulha em carretas puxadas a boi. Neste local, surgiu também um ferreiro, que ficou tradicional na cidade porque prestava serviços aos carreteiros que chegavam.

Infra-estrutura
É bastante óbvio que neste princípio não havia iluminação pública. Além disso, a água encanada também levou alguns anos para chegar. Para abastecerem-se de água para beber, as famílias buscavam-na na bica localizada ao lado do hoje CTG Campeiros do Sul. O calçamento ficava restrito à Av. Presidente Getúlio Vargas, no trecho compreendido entre a ponte, na entrada do Município, até a parada 48, em frente à Prefeitura. Dali em diante, era chão batido, bem como da parada 48 até o Sarandi, em Porto Alegre, via Vila Americana. Alvorada era composta de muitas chácaras. Para se ter uma ideia, entre a parada 47 e a 48, pela margem esquerda, havia apenas três casas: uma residencial, uma loja e uma funerária. A Praça Central também não existia, era um banhado só, cheio de córregos e mato de “amarical”. Ela foi aterrada a partir de terrenos que ficavam em barrancos onde hoje temos os Correios e Telégrafos. Quanto à limpeza urbana, era realizada por carroceiros, mas somente em prédios comerciais. Nas residências, se queimava ou enterrava o lixo, também era colocado em terrenos baldios, o que causava um aspecto horrível para o Município.

Meios de Transporte
O transporte urbano já era monopólio da SOUL (Sociedade de Ônibus União Ltda.), responsável pelo transporte interurbano. Dentro do Município havia a Empresa Padre Léo, que no início transportava os passageiros em Kombis. A empresa foi comprada pela SOUL e hoje atende pelo nome de VAL. O fluxo de automóveis era baixíssimo, podia-se contar nos dedos os automóveis que trafegavam pelas ruas, em especial pela avenida. Assim, o uso de bicicletas era constante, inclusive para o deslocamento até o trabalho, como por exemplo, as metalúrgicas da Assis Brasil em Porto Alegre. Utilizavam-se muito as carroças também, tanto para carga como transporte de passageiros. Grande parte dos moradores tinha uma carroça em casa.

Diversão
Um dos principais pontos de diversão no Município era tomar chope no Bar do Jajá, que com o tempo transformou-se em uma churrascaria. Também havia o Salão de Baile Cruzeiro do Sul na Parada 46. Na mesma Parada, o Cine São Jorge, único cinema que houve em Alvorada.
Assim era Alvorada na primeira metade dos anos 1970. Na Segunda metade, até os anos 1980, o Município começou a dar seus primeiros passos ao progresso, com um forte surto de urbanização e modernização – mesmo que desorganizada.

Texto originalmente publicado no livro Raízes de Alvorada, 2006

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Educação - Um Sonho Que Se Sonha Só


Por Denilson Rosa dos Reis*

Imagem: Anderson Ferreira
Cores: Diego Müller

Durante uma semana, o Magistério gaúcho parou para pensar a Educação. Essa semana de formação, vi que meus colegas educadores comentaram que a Educação está em crise. Alguns chegam a concordar comigo que a Educação enfrenta esta crise, pois a Escola, tal como se apresenta, faliu. Assim, discute-se que mudanças são necessárias para transformarmos a Escola e tirarmos a Educação da crise.

Sonho com uma Escola não mais como espaço de transmissão do conhecimento, mas sim como espaço de aprendizado, que deve ser alcançado de forma lúdica e não pela verborragia dos professores. A pedagogia tradicional tem levado a dois caminhos: indisciplina dos alunos e depressão de professores. Faz-se necessário uma revolução dos espaços escolares, dos currículos, e dos métodos pedagógicos.

Para mim, que trabalho há mais de 15 anos como educador, e sou pai de dois jovens em idade escolar, sei que as crianças adoram a Escola. O que detestam são as aulas e as provas. Imaginem uma Escola onde as aulas são lúdicas, e as provas – escritas, tal como conhecemos – sejam abolidas. Podemos começar por aí.
Estruturaria a vida escolar em três ciclos de quatro anos. No primeiro ciclo, o aluno seria alfabetizado, dominaria as quatro operações e mais a sociabilização. No segundo ciclo, o aluno seria apresentado às várias ciências, sempre com atividades lúdicas ligadas às artes e ao esporte. Nada de quadro negro, giz e provas. Aqui a ideia é a formação de artistas e atletas. No terceiro ciclo, os alunos poderiam optar por cursos técnicos em quatro áreas: Educação (Magistério), Saúde (Enfermagem), Mecatrônica e Química. Aqueles que não quisessem estas áreas técnicas, seguiriam estudos normais de cidadania e aprofundariam sua formação de artistas e atletas.

Para isso, o Estado deveria investir em uma Escola de tempo integral, bem aparelhada e com ginásios e salão de atos. Ou seja, uma mudança verdadeira, uma revolução na Educação.

Neste momento, seria acusado de lunático, de queimar meus neurônios pensando num sistema educacional longe das possibilidades da conjuntura econômica do Estado brasileiro. Seria acusado de utópico e de não usar meu tempo para pensar em possibilidades plausíveis.

Minha resposta vem da música de Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto, é realidade”.

*Professor de História, músico e fanzineiro
Ilustração: Anderson Ferreira e Diego Müller (RS)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sujeira Para Todo O Lado


"Nas favelas, no Senado
Sujeira para todo o lado
Ninguém respeita Constituição
Mas todos acreditam no futuro da Nação.”
(“Que País é este”, Renato Russo/Legião Urbana)

A música da Legião Urbana e a letra de Renato Russo não é uma obra dos últimos anos da História do Brasil. Assim, a sujeira no Senado vem de longa data e mostra o quanto é frágil nossas instituições. Esta sujeira (corrupção) alastrou-se pelos três níveis: federal, estadual e municipal.
No nível federal o Senador José Sarney vem dando mostra contundente de como a corrupção tomou conta de Brasília. A opinião pública está estarrecida com tais “atos secretos” que favorecem senadores e desviam milhões dos cofres públicos. Mas não é só no Senado que a sujeira está saindo de baixo dos tapetes. Não podemos esquecer o escândalo do mensalão do Governo Lula e a reeleição “comprada” do ex-presidente FCH, além de suas privatizações mal conduzidas.
No estado do Rio Grande do Sul o Governo tucano de Yeda Crusius é marcado por escândalos e mais escândalos, alguns denunciados pelos próprios “aliados” políticos da governadora. Nunca se trocaram tantos secretários para se abafar as denúncias.
Aqui no município de Alvorada, a cada período eleitoral é comum se ouvir cabos eleitorais dizendo que é necessário eleger seu candidato para garantir-se por mais quatro anos. Isto com certeza não é exclusividade de Alvorada. Recentemente foi denunciado na TV compra de apoio político nas eleições da cidade de Curitiba.
Caro leitor, você conhece alguém que tenha entrado para a política partidária que não tenha “se dado bem” na vida? Com o dinheiro de quem eles adquirem suas fortunas?
Enquanto não respondermos estas questões com a indignação que ela merece, a sujeira continuará nas favelas e no Senado, enfim, para todo o lado.

Ilustração: Luciano Irrthum (MG)