segunda-feira, 16 de maio de 2016

IMPEACHMENT

Arte de Bira Dantas
Vivemos no Brasil um novo processo de Impeachment. Anteriormente derrubou-se o presidente Fernando Collor e agora está para ser derrubada a presidente Dilma Rousseff. Sei que os dois processos são diferentes e as motivações também, mas me preocupo com os rumos que as coisas tomaram. Se derrubar o Collor em 1992 foi considerado como um ato em defesa da democracia, agora me parece que as coisas estão mais no campo das disputas partidárias do que pela defesa da democracia.

Se o impeachment de Collor veio a partir de fortes ligações de corrupção envolvendo seu nome, no caso da Dilma isto não ocorre. Em momento algum, apareceu qualquer fonte confiável afirmando haver Dilma, feito qualquer desvio de verbas ou algo que o valha. Collor não tinha sustentação política, o contrário de Dilma que tem como vice-presidente Michel Temer do PMDB. O que relaciona Collor e Dilma é a crise econômica. Mas só isso deve ser suficiente para derrubar um presidente?

Para mim está claro que o temos um golpe em andamento. Não estou aqui para defender Dilma ou o PT. Para quem me acompanha sabe que desde o momento em que o PT começou a conversar com partidos conservadores que deixei de acreditar no Partido dos Trabalhadores. Me mantenho a “esquerda” como sempre, mas com uma postura bem “anarquista” quando me apresentam partidos e candidatos. Por isso, ao falar em golpe não estou defendendo a Dilma ou o PT, estou apenas argumentando uma análise da conjuntura.

Por que golpe? Hoje vejo que não existe uma democracia popular quando se elege um presidente ou um partido para governar, seja no nível que for. Os partidos estão atrelados a grandes conglomerados empresariais que os financiam em suas campanhas. Quem empresta dinheiro hoje vai cobrar amanhã. Então, independente da cor de sua bandeira, os partidos defendem uma única bandeira, sua própria sobrevivência.

Claro que vejo diferenças entre partidos, inclusive entre o PT e o PMDB, por exemplo. As preocupações sociais do PT são maiores como bem demonstram projetos como Minha Casa Minha Vida, Prouni e Bolsa Família. Mas o grosso dos investimentos acabam nas mãos de mega corporações capitalistas como os bancos. Neste quesito, os partidos não se diferenciam, eles são financiados pelo capital e devem obrigações para com eles depois. A democracia que vivemos é capitalista e não popular.

Para mim está arquitetado um golpe para tirar o PT do poder e barrar uma possível volta de Lula a presidência. Por um lado, temos o PSDB derrotado nas últimas três eleições. Por outro o PMDB, envolvido até os dentes com corrupção e com o vislumbre de Temer assumir a presidência com o impeachment de Dilma. Correndo por fora, toda uma sorte de políticos e partidos conservadores e autoritários que ainda decantam o PT como um bando de comunistas (hehehe...).

Aguardemos os desdobramentos para o futuro. Mas está mais do que na hora de o povo dizer um não a todos que venham lhe pedir voto. Neste momento, o melhor protesto é o voto nulo nas próximas eleições e em outras que virão também.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Bira Dantas (SP)

3 comentários:

  1. Pois é, assumiu quase que noventa por cento o discurso petista.

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  2. O problema é que vocês enxergam as coisas como uma religião ou um clube de futebol onde tudo é dito para defender um ou outro lado. Desculpem-me se não consigo me fazer entender. Mas, minha crítica é bem clara, contra o sistema eleitoral burguês.

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