Arte de Laudo Jr |
No ano passado, 2013, escrevi um
artigo onde colocava o movimento “Acorda Brasil” sob o julgamento das eleições
de 2014. Meu questionamento era em relação aos reflexos que o movimento poderia
trazer nas urnas, já que muita gente saiu de casa pedindo um basta para a
corrupção e gritando palavras de ordem contra os partidos e suas bandeiras.
Particularmente, achei muito bacana e importante o movimento, mas pedia que ele
se estendesse para as urnas em 2014.
Ao pedir o fim da corrupção, o
movimento se colocava contra o sistema burguês vigente no país, onde as
campanhas dos partidos majoritários são superfaturadas com gastos enormes, tudo
patrocinado pelas mega corporações. Assim sendo, não bastava tirar o PT/Dilma
do poder, trocando por outra sigla defensora do sistema atual. Seria trocar
seis por meia-dúzia. Tanto que chegou à beira do ridículo o slogan do
PSDB/Aécio, “Muda Brasil”. Como mudar um país votando no candidato do partido
que consolidou o capitalismo neoliberal no Brasil?
Assim, esperava que ocorresse uma
votação mais significativa nos partidos que apresentam um programa de
rompimento com o sistema, como o PSOL ou o PSTU, partidos que estão sempre à
frente das mobilizações e das lutas. Mas isso não ocorreu, o PSOL/Luciana fez
1,5% dos votos, enquanto o PSTU/Zé Maria, fez 0.9%; é muito pouco! Podemos
então ver por outro lado, as mobilizações seriam contra bandeiras partidárias,
então isto poderia se traduzir por uma quantidade significativa de votos nulos
e, assim, abrir um debate sobre a representatividade e legitimidade dos
eleitos. Mas, infelizmente, ficamos com 5,8% no 1º Turno e 4,6% no 2º Turno, de
votos nulos.
Mais uma vez as urnas serviram aos
seus patrões. Os grandes poderosos políticos e seus aliados econômicos se
consolidaram como campeões de voto, deixando o grito das mobilizações de
junho/2013 como um fato isolado na História do Brasil.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Laudo Ferreira Júnior (SP)
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