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Arte de Bira Dantas |
Vivemos
no Brasil um novo processo de Impeachment. Anteriormente derrubou-se o
presidente Fernando Collor e agora está para ser derrubada a presidente Dilma
Rousseff. Sei que os dois processos são diferentes e as motivações também, mas
me preocupo com os rumos que as coisas tomaram. Se derrubar o Collor em 1992
foi considerado como um ato em defesa da democracia, agora me parece que as
coisas estão mais no campo das disputas partidárias do que pela defesa da
democracia.
Se
o impeachment de Collor veio a partir de fortes ligações de corrupção
envolvendo seu nome, no caso da Dilma isto não ocorre. Em momento algum,
apareceu qualquer fonte confiável afirmando haver Dilma, feito qualquer desvio
de verbas ou algo que o valha. Collor não tinha sustentação política, o
contrário de Dilma que tem como vice-presidente Michel Temer do PMDB. O que
relaciona Collor e Dilma é a crise econômica. Mas só isso deve ser suficiente
para derrubar um presidente?
Para
mim está claro que o temos um golpe em andamento. Não estou aqui para defender
Dilma ou o PT. Para quem me acompanha sabe que desde o momento em que o PT
começou a conversar com partidos conservadores que deixei de acreditar no
Partido dos Trabalhadores. Me mantenho a “esquerda” como sempre, mas com uma postura
bem “anarquista” quando me apresentam partidos e candidatos. Por isso, ao falar
em golpe não estou defendendo a Dilma ou o PT, estou apenas argumentando uma
análise da conjuntura.
Por
que golpe? Hoje vejo que não existe uma democracia popular quando se elege um
presidente ou um partido para governar, seja no nível que for. Os partidos
estão atrelados a grandes conglomerados empresariais que os financiam em suas
campanhas. Quem empresta dinheiro hoje vai cobrar amanhã. Então, independente
da cor de sua bandeira, os partidos defendem uma única bandeira, sua própria
sobrevivência.
Claro
que vejo diferenças entre partidos, inclusive entre o PT e o PMDB, por exemplo.
As preocupações sociais do PT são maiores como bem demonstram projetos como
Minha Casa Minha Vida, Prouni e Bolsa Família. Mas o grosso dos investimentos
acabam nas mãos de mega corporações capitalistas como os bancos. Neste quesito,
os partidos não se diferenciam, eles são financiados pelo capital e devem
obrigações para com eles depois. A democracia que vivemos é capitalista e não
popular.
Para
mim está arquitetado um golpe para tirar o PT do poder e barrar uma possível
volta de Lula a presidência. Por um lado, temos o PSDB derrotado nas últimas
três eleições. Por outro o PMDB, envolvido até os dentes com corrupção e com o
vislumbre de Temer assumir a presidência com o impeachment de Dilma. Correndo
por fora, toda uma sorte de políticos e partidos conservadores e autoritários
que ainda decantam o PT como um bando de comunistas (hehehe...).
Aguardemos
os desdobramentos para o futuro. Mas está mais do que na hora de o povo dizer
um não a todos que venham lhe pedir voto. Neste momento, o melhor protesto é o
voto nulo nas próximas eleições e em outras que virão também.
Texto: Denilson
Rosa dos Reis
Ilustração: Bira Dantas (SP)