domingo, 14 de abril de 2013

SOCIALISMO?

Arte de Jeferson Adriano

Prezados Amigos!
Hugo Chavez se foi e uma história foi escrita. Independente do que se pensa ou se pensava do líder bolivariano, o caro escreveu um capítulo da história da América Latina. Vejam artigo que escrevi em 2008 tentando entender o Governo Chavez.

Desde a chegada de Hugo Chavez ao governo da Venezuela e, principalmente após o golpe de direita que sofreu, começou-se a falar em um governo socialista na Venezuela. Além disso, a própria imprensa iniciou uma onda de reportagens sobre o socialismo tomando conta da América do Sul com a eleição de partidos de esquerda, auto-intitulados socialistas, comunistas ou trabalhistas. Lula no Brasil; Tabaré Vazquez, no Uruguai; Michelle Bachelet, no Chile; Evo Morales, na Bolívia e até Néstor Kirchner, na Argentina. A pergunta é: estes são governos socialistas?

Em primeiro lugar a história mostra que não se chega ao socialismo através de um sistema eleitoral burguês. São coisas contraditórias. Vejamos o caso do Brasil: Lula e o PT ficaram 20 anos com um discurso de esquerda, propostas revolucionárias, críticas à burguesia e rompimento com o imperialismo. Defendiam o socialismo, eram chamados até de “barbudos” pela imprensa numa alusão a Fidel e a Revolução Cubana. Foi preciso mudar não só o discurso, mas o programa de governo, aliar-se a setores conservadores e dar garantias a elite de que nada mudaria radicalmente para, nesta democracia, chegar ao governo. Digo “ao governo”, pois ninguém pode ser ingênuo de achar que o poder está nas mãos do PT.

Ainda sobre o Brasil de Lula, e isto vale para o resto da América do Sul – com exceção de Chavez – que socialismo é este em que um dos setores que mais lucra é o capital especulativo, que anda de mãos dadas com os EUA de Bush e faz discursos moderados sobre a atuação imperialista, isto quando não os apóia – como no Haiti?         

Quanto à Venezuela de Chavez, vemos um anti-norteamericanismo, um anti-Bush. Hugo Chavez não é contra o imperialismo, tanto que mantém acordos econômicos e estratégicos com o Canadá e a União Européia. Este “socialismo do século XXI” de Chavez carece totalmente de uma teoria socialista revolucionária. Não podemos confundir nacionalismo com socialismo, e isto é o que me parece no caso venezuelano.

Claramente a América Latina vive um momento histórico de profunda transformação. O caminho está aberto para uma possível revolução. Isto pode ser comprovado com a chegada ao governo destes partidos e lideranças populares e sindicais que hoje ocupam os cargos de presidente em seus respectivos países. A mobilização popular está na rua, o que falta é o povo tomar o controle e saber barrar os conciliadores e moderados que permitem uma aproximação da burguesia aos projetos populares. Cada um defende seus próprios interesses, é bom não nos esquecermos disto.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jeferson Adriano (MG)

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