quarta-feira, 6 de março de 2013

EDUCAÇÃO NO RS: ESTUDO DE CASO

Arte: Paulo Fernando

Prezados Amigos:
Começamos mais um ano letivo nas escolas públicas do Rio Grande do Sul. O governo atual repete o descaso com a Educação e com os trabalhadores e trabalhadoras na Educação. Muda governo, muda partido, mas a falta de compromisso continua a mesma. Convido os amigos a lerem artigo que escrevi na época em que o governo anterior estava assumindo para verem que realmente nada mudou efetivamente.

Yeda Crusius assumiu o governo do Rio Grande do Sul e logo começou a colocar em prática o seu “novo jeito de governar” que havia falado durante a campanha eleitoral, mas que não deixara muito claro como seria. Aliás, antes de assumir mandou um projeto para a Assembléia Legislativa que não foi aprovado. Resultado: acabou sobrando para o funcionalismo, mais uma vez, pagar a conta da falta de recursos no caixa do estado.

Em relação à Educação, publicou um decreto proibindo qualquer tipo de convocação de professor. Convocação é quando um professor tem sua carga horária ampliada para suprir necessidades de pessoal na escola. A intenção do governo é diminuir despesas alegando que, segundo números do governo, 28% dos professores estão em funções administrativas, o que leva a falta dos mesmos em sala de aula.

Concordo que lugar de professor é na sala de aula. O que sempre aconteceu em muitas escolas é o fato de não existir um profissional específico para cada área, levando professores concursados para sala de aula a serem deslocados para trabalhar como supervisor escolar, orientador educacional, bibliotecário, secretário e até auxiliar de disciplina. No caso de uma escola, estes setores são importantíssimos para o desenvolvimento do trabalho de sala de aula, como suporte aos professores. No momento em que os professores retornam para a sala de aula, profissionais da área deveriam ser nomeados para ocuparem estas lacunas. Disse “deveriam”, pois não é o que está acontecendo.

Arte: Jeferson Adriano
Estudo de Caso: Colégio Castro Alves

O Colégio Estadual Antônio de Castro Alves, um dos maiores do estado e tido como referência no município de Alvorada, foi um dos mais afetados com o “novo jeito de governar” de Yeda. Vários professores que ocupavam cargos administrativos retornaram para sala de aula, deixando os setores desfalcados. Não existe mais auxiliar de disciplina para controlar os corredores, diminuiu o atendimento na secretaria, reduziu a carga horária da supervisão e a biblioteca está fechada durante o dia. Para uma escola com quase 3 mil alunos isto é o caos. Sem falar que, ao retornarem para sala de aula, estes professores acabaram substituindo outros, que tiveram que deixar a escola.

Mas o caso mais grave ocorreu com os alunos de 6 anos – a nova 1ª série. Recém chegados ao colégio, fizeram adaptação com uma professora convocada. Um mês e meio depois, o governo cortou sua convocação e as crianças ficaram um mês sem aula até a chegada de uma nova professora. Pensou-se no burocrático e jogaram o pedagógico no lixo.

Bem, sabemos que tudo isso que vem acontecendo é fruto do desmonte da educação pública levada a cabo por governos neoliberais. Neoliberalismo é uma palavrinha que anda meio esquecida nestes últimos anos de governos pseudos-esquerdistas espalhados pela América do Sul, mas que continua como pauta dos governos. Para quem conhece a trajetória política do PSDB e da, pasmem, professora Yeda Crusius, nada é estranho.

Então pessoal! Este texto é de seis anos atrás, mas com certeza ainda reflete a situação de muitas escolas públicas espalhadas pelo estado do Rio Grande do Sul, mesmo que o governador seja outro e o PSDB tenha dado lugar ao PT.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Paulo Fernando (CE) & Jeferson Adriano (MG)

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