Arte: Paulo Fernando |
Prezados Amigos:
Começamos mais um ano letivo nas escolas públicas do
Rio Grande do Sul. O governo atual repete o descaso com a Educação e com os
trabalhadores e trabalhadoras na Educação. Muda governo, muda partido, mas a
falta de compromisso continua a mesma. Convido os amigos a lerem artigo que
escrevi na época em que o governo anterior estava assumindo para verem que
realmente nada mudou efetivamente.
Yeda Crusius assumiu o
governo do Rio Grande do Sul e logo começou a colocar em prática o seu “novo
jeito de governar” que havia falado durante a campanha eleitoral, mas que não
deixara muito claro como seria. Aliás, antes de assumir mandou um projeto para
a Assembléia Legislativa que não foi aprovado. Resultado: acabou sobrando para
o funcionalismo, mais uma vez, pagar a conta da falta de recursos no caixa do
estado.
Em relação à Educação,
publicou um decreto proibindo qualquer tipo de convocação de professor.
Convocação é quando um professor tem sua carga horária ampliada para suprir
necessidades de pessoal na escola. A intenção do governo é diminuir despesas
alegando que, segundo números do governo, 28% dos professores estão em funções
administrativas, o que leva a falta dos mesmos em sala de aula.
Concordo que lugar de
professor é na sala de aula. O que sempre aconteceu em muitas escolas é o fato
de não existir um profissional específico para cada área, levando professores
concursados para sala de aula a serem deslocados para trabalhar como supervisor
escolar, orientador educacional, bibliotecário, secretário e até auxiliar de
disciplina. No caso de uma escola, estes setores são importantíssimos para o
desenvolvimento do trabalho de sala de aula, como suporte aos professores. No
momento em que os professores retornam para a sala de aula, profissionais da
área deveriam ser nomeados para ocuparem estas lacunas. Disse “deveriam”, pois
não é o que está acontecendo.
Arte: Jeferson Adriano |
Estudo de Caso: Colégio Castro Alves
O Colégio Estadual Antônio de Castro Alves, um dos
maiores do estado e tido como referência no município de Alvorada, foi um dos
mais afetados com o “novo jeito de governar” de Yeda. Vários professores que
ocupavam cargos administrativos retornaram para sala de aula, deixando os
setores desfalcados. Não existe mais auxiliar de disciplina para controlar os
corredores, diminuiu o atendimento na secretaria, reduziu a carga horária da
supervisão e a biblioteca está fechada durante o dia. Para uma escola com quase
3 mil alunos isto é o caos. Sem falar que, ao retornarem para sala de aula,
estes professores acabaram substituindo outros, que tiveram que deixar a
escola.
Mas o caso mais grave
ocorreu com os alunos de 6 anos – a nova 1ª série. Recém chegados ao colégio,
fizeram adaptação com uma professora convocada. Um mês e meio depois, o governo
cortou sua convocação e as crianças ficaram um mês sem aula até a chegada de
uma nova professora. Pensou-se no burocrático e jogaram o pedagógico no lixo.
Bem, sabemos que tudo isso
que vem acontecendo é fruto do desmonte da educação pública levada a cabo por
governos neoliberais. Neoliberalismo é uma palavrinha que anda meio esquecida
nestes últimos anos de governos pseudos-esquerdistas espalhados pela América do
Sul, mas que continua como pauta dos governos. Para quem conhece a trajetória
política do PSDB e da, pasmem, professora Yeda Crusius, nada é estranho.
Então pessoal! Este texto é
de seis anos atrás, mas com certeza ainda reflete a situação de muitas escolas
públicas espalhadas pelo estado do Rio Grande do Sul, mesmo que o governador
seja outro e o PSDB tenha dado lugar ao PT.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Paulo Fernando (CE) & Jeferson Adriano (MG)
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