Arte de Rafael Costa (RS) |
No
mês de janeiro de 2014, assisti em um noticiário de TV que, em Valparaiso/GO, a
forma que o Governo estadual encontrou para acabar com a violência em uma
escola pública de periferia foi colocar a Polícia Militar dentro da escola.
Trabalho como professor na Rede Pública de Ensino do RS e já ocorreram momentos
em que acionamos a Patrulha Escolar, um grupo de policiais militares que são
encarregados de atender ocorrências de violência nas escolas. Mas o que me
chamou a atenção é que a Polícia Militar foi chamada para administrar a escola,
transformando o local numa espécie de Escola Militar, não como formação de
militares, mas pelo fato da adminstração ficar com o comando da Polícia.
A
coisa funciona assim: o Governo reformou a escola, deixando impecável, coisa de
colégio privado. O Diretor foi substituído por um policial que será encarregado
de administrar junto com um corpo pedagógico, onde outros policiais farão
parte. A parte da Educação Física ficará a cargo de policiais que cuidarão das
atividades físicas dentro da disciplina militar. Os alunos serão obrigados a
usar 4 tipos de uniformes. Será utilizada uma cartilha falando sobre prevenção
a violência e outras questões envolvidas, como drogas, bulling etc. Os pais
deverão pagar uma matrícula e mensalidades. Calcula-se que o custo por aluno
que a família terá chegará a R$ 1.500,00 por ano.
Para
mim isto é privatizar o ensino público com a desculpa de combater a violência.
Mas o mais agravante vem agora. Na reportagem, um pai de aluno disse que não
teria condições de arcar com estas despesas. A resposta da Secretaria de
Educação foi a seguinte: não se preocupe que estaremos providenciando a
transferência para outra escola. Na nova escola os pais não precisão pagar, é
claro, mas ela não foi reformada e lá a Polícia Militar aparecerá só em
necessidades de emergência. Os professores não terão respaldo para trabalhar
com segurança e toda aquela questão que já se conhece.
Portanto,
se você pode pagar, lhe daremos uma escola nova e com segurança. Se você não
pode pagar, bem, te colocamos “naquela” escola, sucateada e dominada pela
violência. Reitero, em minha opinião, acho que se trata, como coloco no título
deste artigo, estão privatizando a Educação. Além disso, acredito que o fato
pode ser enquadrado como uma atitude discriminatória, pois os alunos de pais
não abastados são excluídos de estudar numa escola nova e com segurança. O que
é para um deve ser para todos. Por fim, ainda tem a questão da administração na
mão da Polícia Militar e a pedagogia que pode nascer daí, mas isso fica para
outro momento.
Texto: Denilson
Rosa dos Reis
Ilustração:
Rafael Costa (RS)