Arte de Jeferson Adriano |
Prezados Amigos!
Hugo Chavez se foi e uma
história foi escrita. Independente do que se pensa ou se pensava do líder
bolivariano, o caro escreveu um capítulo da história da América Latina. Vejam
artigo que escrevi em 2008 tentando entender o Governo Chavez.
Desde a chegada de Hugo Chavez ao governo da
Venezuela e, principalmente após o golpe de direita que sofreu, começou-se a
falar em um governo socialista na Venezuela. Além disso, a própria imprensa
iniciou uma onda de reportagens sobre o socialismo tomando conta da América do
Sul com a eleição de partidos de esquerda, auto-intitulados socialistas,
comunistas ou trabalhistas. Lula no Brasil; Tabaré Vazquez, no Uruguai;
Michelle Bachelet, no Chile; Evo Morales, na Bolívia e até Néstor Kirchner, na
Argentina. A pergunta é: estes são governos socialistas?
Em primeiro lugar a história
mostra que não se chega ao socialismo através de um sistema eleitoral burguês.
São coisas contraditórias. Vejamos o caso do Brasil: Lula e o PT ficaram 20
anos com um discurso de esquerda, propostas revolucionárias, críticas à
burguesia e rompimento com o imperialismo. Defendiam o socialismo, eram
chamados até de “barbudos” pela imprensa numa alusão a Fidel e a Revolução
Cubana. Foi preciso mudar não só o discurso, mas o programa de governo,
aliar-se a setores conservadores e dar garantias a elite de que nada mudaria
radicalmente para, nesta democracia, chegar ao governo. Digo “ao governo”, pois
ninguém pode ser ingênuo de achar que o poder está nas mãos do PT.
Ainda sobre o Brasil de
Lula, e isto vale para o resto da América do Sul – com exceção de Chavez – que
socialismo é este em que um dos setores que mais lucra é o capital
especulativo, que anda de mãos dadas com os EUA de Bush e faz discursos
moderados sobre a atuação imperialista, isto quando não os apóia – como no
Haiti?
Quanto à Venezuela de
Chavez, vemos um anti-norteamericanismo, um anti-Bush. Hugo Chavez não é contra
o imperialismo, tanto que mantém acordos econômicos e estratégicos com o Canadá
e a União Européia. Este “socialismo do século XXI” de Chavez carece totalmente
de uma teoria socialista revolucionária. Não podemos confundir nacionalismo com
socialismo, e isto é o que me parece no caso venezuelano.
Claramente a América Latina
vive um momento histórico de profunda transformação. O caminho está aberto para
uma possível revolução. Isto pode ser comprovado com a chegada ao governo
destes partidos e lideranças populares e sindicais que hoje ocupam os cargos de
presidente em seus respectivos países. A mobilização popular está na rua, o que
falta é o povo tomar o controle e saber barrar os conciliadores e moderados que
permitem uma aproximação da burguesia aos projetos populares. Cada um defende
seus próprios interesses, é bom não nos esquecermos disto.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jeferson Adriano (MG)