quinta-feira, 19 de julho de 2012

A REPROVAÇÃO


Ilustração de Jeferson Adriano

Nas últimas semanas – março/abril de 2012 – muito tem se comentado sobre a reprovação maciça dos candidatos no concurso para o Magistério Estadual do RS. Segundo noticiado, pouco mais de 8% dos candidatos atingiram a média mínima para aprovação, ou seja, 50% das questões em 4 provas: Língua Portuguesa, Legislação, Pedagogia e Conhecimentos Específicos. Realmente foi uma grande reprovação, quase 92% dos candidatos.

A partir da divulgação dos dados pela imprensa, vários comentaristas, programas jornalísticos e programas de debates e análises passaram a discutir a reprovação e procurar respostas do porque de uma esmagadora maioria ter apresentado resultados insuficientes para garantir uma vaga como professor estadual. Também causou espanto que muitos reprovados já estão em sala de aula, seja na esfera municipal, iniciativa privada e até como professores contratados pelo próprio Estado, suprindo carências históricas, pois entra ano e sai ano com as escolas necessitando de professores.

Como alguém que vive o Magistério Estadual do RS há 18 anos, não fico espantado com tamanha reprovação. O ensino público está um caos. Muito dinheiro é orçado para a Educação, mas nem todo ele chega ao seu verdadeiro destino: as escolas. Com os salários baixíssimos pago aos professores, todo jovem com boa formação acaba rumando para outras áreas, onde seus salários para 20h semanais ultrapassem os 3 dígitos no contra-cheque. Assim, excluindo os que realmente nasceram para ser professor (8%?), independente dos salários, os demais estão aí pela conveniência de um emprego público e pela garantia de um salário no final do mês.

Para mudar é preciso investir corretamente e sem desvios. Preparar bem o aluno desde o ensino fundamental até o superior requer uma mudança radical no projeto de ensino do país. Hoje, os jovens estão mal preparados e com cursos superiores “brotando” a cada esquina com os cursos EAD, alguns deles patrocinados pelo próprio governo com o PROUNI. Por que não se investe em Universidade Pública de qualidade? Assim os jovens estariam melhores preparados, com aulas presenciais, projetos de pesquisa e práticas reais de ensino. Depois, remunera-se bem os professores para que a profissão venha a ser alvo de alunos bem formados e preparados para trabalhar com uma nova metodologia na formação de crianças e adolescentes. Falar mal do concurso é fácil, o difícil é ter projeto para mudar esta realidade.

Texto: Denílson Rosa dos Reis
Ilustração: Jeferson Adriano (MG)

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