Ilustração de Jeferson Adriano |
Nas últimas semanas – março/abril de 2012 – muito tem se
comentado sobre a reprovação maciça dos candidatos no concurso para o
Magistério Estadual do RS. Segundo noticiado, pouco mais de 8% dos candidatos
atingiram a média mínima para aprovação, ou seja, 50% das questões em 4 provas:
Língua Portuguesa, Legislação, Pedagogia e Conhecimentos Específicos. Realmente
foi uma grande reprovação, quase 92% dos candidatos.
A partir da divulgação dos dados pela imprensa, vários
comentaristas, programas jornalísticos e programas de debates e análises
passaram a discutir a reprovação e procurar respostas do porque de uma
esmagadora maioria ter apresentado resultados insuficientes para garantir uma
vaga como professor estadual. Também causou espanto que muitos reprovados já
estão em sala de aula, seja na esfera municipal, iniciativa privada e até como
professores contratados pelo próprio Estado, suprindo carências históricas,
pois entra ano e sai ano com as escolas necessitando de professores.
Como alguém que vive o Magistério Estadual do RS há 18 anos,
não fico espantado com tamanha reprovação. O ensino público está um caos. Muito
dinheiro é orçado para a Educação, mas nem todo ele chega ao seu verdadeiro
destino: as escolas. Com os salários baixíssimos pago aos professores, todo
jovem com boa formação acaba rumando para outras áreas, onde seus salários para
20h semanais ultrapassem os 3 dígitos no contra-cheque. Assim, excluindo os que
realmente nasceram para ser professor (8%?), independente dos salários, os
demais estão aí pela conveniência de um emprego público e pela garantia de um
salário no final do mês.
Para mudar é preciso investir corretamente e sem desvios.
Preparar bem o aluno desde o ensino fundamental até o superior requer uma
mudança radical no projeto de ensino do país. Hoje, os jovens estão mal
preparados e com cursos superiores “brotando” a cada esquina com os cursos EAD,
alguns deles patrocinados pelo próprio governo com o PROUNI. Por que não se
investe em
Universidade Pública de qualidade? Assim os jovens estariam
melhores preparados, com aulas presenciais, projetos de pesquisa e práticas reais
de ensino. Depois, remunera-se bem os professores para que a profissão venha a
ser alvo de alunos bem formados e preparados para trabalhar com uma nova
metodologia na formação de crianças e adolescentes. Falar mal do concurso é
fácil, o difícil é ter projeto para mudar esta realidade.
Texto:
Denílson Rosa dos Reis
Ilustração: Jeferson Adriano (MG)