Passados mais de cem anos da
Abolição da Escravatura no Brasil (13/05/1888), sempre é importante fazer novas
reflexões sobre o preconceito racial e a condição do negro, não só no Brasil
como no mundo. Este texto foi escrito por mim já faz um bom tempo, quase dez
anos, por isso alguns exemplos são datados, mas a reflexão ainda é pertinente.
Arte de Alex Doeppre |
Estamos acompanhando nos
últimos anos, uma possível retomada de partidos de extrema direita na Europa,
inclusive com disputas acirradas e até vitórias em eleições. Também, na Europa,
surgem grupos neonazistas com manifestações fortes, que acabaram chegando ao
futebol. A Europa é o centro financeiro do futebol. Para lá, rumam atletas dos
quatro cantos do planeta, marcadamente da América do Sul e África, onde os
negros têm forte ascendência no futebol. Agora vemos craques de renome internacional
que tem a tês escura sofrerem agressões verbais e porque não dizer morais por parte
de torcedores que inclusive desfraldam nas arquibancadas bandeiras estampando
símbolos nazi-fascistas.
Por aqui tivemos em 2005
manifestações em Caxias por parte da torcida do Juventude contra o jogador
Tinga do Internacional e também o caso “Grafite”. O jogador, então do São
Paulo, foi chamado por seu adversário argentino da equipe do Quilmes de
“negro”, “macaquito”, como uma forma ofensiva que acabou levando-o para traz
das grades. Alguns comentaristas acharam exagero à prisão. De minha parte,
confesso que não tenho uma opinião formada. Mas não tenho dúvida de que algo
deveria ser feito, pois é inadmissível, em pleno século XXI tal postura do
jogador argentino.
Agora, fico me questionando: será que os argentinos
chamariam os jogadores da seleção norte-americana de basquete,
predominantemente negros de “macaquitos”? Me parece, no caso Brasil e
Argentina, que a questão vai além do preconceito racial. Não lhes parece?
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Alex Doeppre (RS)