quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ALVORADA: 48 ANOS

Nossa cidade completa neste mês 48 anos. Veja um pouco de sua História acompanhando a trajetória do Unidos Futebol Clube, tradicional time de várzea de Alvorada nos anos 1970/80.

O Unidos Futebol Clube é uma dissidência do Esporte Clube Fontoura. Ambos podem ser considerados irmãos e originaram-se na Vila Fontoura, na parada 43 do Município de Alvorada. No início da década de 60 do século passado o Fontoura já estava em plena atividade. O Unidos só seria fundado no final da mesma década, ou teria sido início da década seguinte?

As desavenças entre Fontoura e Unidos começam com a questão do pagamento de um “terno” de camisetas. Seu Dinarte havia comprado este “terno” com dinheiro de seu próprio bolso, mas com a promessa dos dirigentes e jogadores de quitarem a dívida assim que possível. Como o tempo foi passando e nada de pagamento, Seu Dinarte pediu para sair do time, mandando riscar seu nome da ficha do clube, alegando a falta de comprometimento da direção e dos colegas. Seu Alberto, conhecido como Baiano que era um dos dirigentes do Fontoura resolveu a questão pagando Seu Dinarte. Mas já havia ficado uma “rusga” entre os dirigentes. Alguns meses depois, Alberto dos Santos, o Baiano resolve desligar-se do Fontoura com a perspectiva do fundar um novo clube, e assim o fez. A diretoria do então fundado Unidos Futebol Clube era composta por: Alberto dos Santos (Presidente), Ariovaldo Figueira, o Figueirinha (Técnico e Tesoureiro), João Gonçalves, o Nanico (Secretário), Tio Nico (Massagista), além de Artur Shell, Alceu Canabarro e Antão, o Camburão. Todos relacionados saíram junto com Baiano do Fontoura, por isso que o Unidos é considerado uma dissidência. Além de formarem a diretoria, muitos deles também atuavam no time.

O nome do clube saiu de uma escolha do grupo fundador, onde prevaleceu à idéia que saímos unidos do Fontoura, então podemos batizar o time de Unidos. As cores eram o vermelho e branco, talvez pelo fato da maioria da diretoria ser colorada, mas o distintivo do time imitava o do Santos de São Paulo e foi desenhado por Carlos Paulista que trabalhava com letreiros. O Unidos era um clube completo quanto a time. Tinha 1º Quadro, onde jogavam os melhores atletas e mais bem preparados fisicamente, o 2º Quadro, onde jogavam os aspirantes ao 1º e aqueles que o preparo já não era tão bom, e o Expressinho, que era uma mescla de veteranos e juvenis. Já no primeiro ano de existência o Unidos sagrou-se Vice-Campeão de Alvorada, mas infelizmente nunca conseguiu a glória maior. Mesmo assim, o time alcançou a incrível marca, para uma equipe de futebol de várzea, de 28 jogos invictos. João Nanico conta que a maior vitória do Unidos, que não sai de sua memória após mais de 30 anos, foi contra o São Bento da Vila Jardim, time treinado pelo irmão do Baiano, por isso, uma jogo com uma dose extra de rivalidade: “até os 25 minutos de segundo tempo estava 2X2, em 15 minutos, ou seja, aos 40 do segundo, vencíamos por 5X2, foi quando jogadores do São Bento começaram a simular lesões e retiravam-se de campo”.

Os maiores rivais do Unidos eram os vizinhos: Fontoura em primeiro lugar e Guarani logo em seguida. Numa época em que não se ganhava um centavo para jogar, era tudo no “amor a camiseta” e pela rivalidade na vila, jogar contra o Fontoura ou Guarani era uma “guerra”, não difícil acabava em pancadaria com o visitante tendo que, literalmente, largar correndo. O problema era nos jogos contra o Fontoura, pois o campo do Fontoura e do Unidos eram um na continuação do outro, ou seja, jogava-se no mesmo terreno e as torcidas eram vizinhas de rua. No final da década de 1970, ou seria início da de 1980, devido a problemas de família, Baiano teve que afastar-se e entregou a direção do clube para Seu Pedro, o Tio Pedrinho, que manteve o clube até o final. O fim do Unidos, assim como do Fontoura, deve-se ao fato de que os terrenos onde se situavam os campos – Av. Tiradentes, mais ou menos pelo número 300 – foram vendidos para construção de moradias e ambos ficaram sem campo para jogar. Por um tempo jogaram no campo do Patrão, na entrada da parada 43, ou fazendo amistosos em campos de adversários. A data de encerramento do clube também não é exata, o certo é durou até meados da década de 1980.

O futebol de várzea em Alvorada foi de fundamental importância para as comunidades do início de nossa história como Município, pois havia o envolvimento de todos os moradores na organização e estrutura dos times que muitas vezes eram verdadeiros clubes, não só com um time, mas com campo e sede.

Texto: Denilson Rosa dos Reis

Fonte: Livro Raízes de Alvorada