Nossa
cidade completa neste mês 48 anos. Veja um pouco de sua História acompanhando a
trajetória do Unidos Futebol Clube, tradicional time de várzea de Alvorada nos
anos 1970/80.
O Unidos Futebol Clube é uma dissidência do Esporte
Clube Fontoura. Ambos podem ser considerados irmãos e originaram-se na Vila
Fontoura, na parada 43 do Município de Alvorada. No início da década de 60 do
século passado o Fontoura já estava em plena atividade. O Unidos só seria fundado
no final da mesma década, ou teria sido início da década seguinte?
As desavenças entre Fontoura
e Unidos começam com a questão do pagamento de um “terno” de camisetas. Seu
Dinarte havia comprado este “terno” com dinheiro de seu próprio bolso, mas com
a promessa dos dirigentes e jogadores de quitarem a dívida assim que possível.
Como o tempo foi passando e nada de pagamento, Seu Dinarte pediu para sair do
time, mandando riscar seu nome da ficha do clube, alegando a falta de
comprometimento da direção e dos colegas. Seu Alberto, conhecido como Baiano
que era um dos dirigentes do Fontoura resolveu a questão pagando Seu Dinarte.
Mas já havia ficado uma “rusga” entre os dirigentes. Alguns meses depois,
Alberto dos Santos, o Baiano resolve desligar-se do Fontoura com a perspectiva
do fundar um novo clube, e assim o fez. A diretoria do então fundado Unidos
Futebol Clube era composta por: Alberto dos Santos (Presidente), Ariovaldo
Figueira, o Figueirinha (Técnico e Tesoureiro), João Gonçalves, o Nanico
(Secretário), Tio Nico (Massagista), além de Artur Shell, Alceu Canabarro e
Antão, o Camburão. Todos relacionados saíram junto com Baiano do Fontoura, por
isso que o Unidos é considerado uma dissidência. Além de formarem a diretoria,
muitos deles também atuavam no time.
O nome do clube saiu de uma
escolha do grupo fundador, onde prevaleceu à idéia que saímos unidos do
Fontoura, então podemos batizar o time de Unidos. As cores eram o vermelho e
branco, talvez pelo fato da maioria da diretoria ser colorada, mas o distintivo
do time imitava o do Santos de São Paulo e foi desenhado por Carlos Paulista
que trabalhava com letreiros. O Unidos era um clube completo quanto a time.
Tinha 1º Quadro, onde jogavam os melhores atletas e mais bem preparados
fisicamente, o 2º Quadro, onde jogavam os aspirantes ao 1º e aqueles que o
preparo já não era tão bom, e o Expressinho, que era uma mescla de veteranos e
juvenis. Já no primeiro ano de existência o Unidos sagrou-se Vice-Campeão de
Alvorada, mas infelizmente nunca conseguiu a glória maior. Mesmo assim, o time
alcançou a incrível marca, para uma equipe de futebol de várzea, de 28 jogos
invictos. João Nanico conta que a maior vitória do Unidos, que não sai de sua
memória após mais de 30 anos, foi contra o São Bento da Vila Jardim, time
treinado pelo irmão do Baiano, por isso, uma jogo com uma dose extra de
rivalidade: “até os 25 minutos de segundo tempo estava 2X2, em 15 minutos, ou
seja, aos 40 do segundo, vencíamos por 5X2, foi quando jogadores do São Bento
começaram a simular lesões e retiravam-se de campo”.
Os maiores rivais do Unidos
eram os vizinhos: Fontoura em primeiro lugar e Guarani logo em seguida. Numa
época em que não se ganhava um centavo para jogar, era tudo no “amor a
camiseta” e pela rivalidade na vila, jogar contra o Fontoura ou Guarani era uma
“guerra”, não difícil acabava em pancadaria com o visitante tendo que,
literalmente, largar correndo. O problema era nos jogos contra o Fontoura, pois
o campo do Fontoura e do Unidos eram um na continuação do outro, ou seja, jogava-se
no mesmo terreno e as torcidas eram vizinhas de rua. No final da década de 1970,
ou seria início da de 1980, devido a problemas de família, Baiano teve que
afastar-se e entregou a direção do clube para Seu Pedro, o Tio Pedrinho, que
manteve o clube até o final. O fim do Unidos, assim como do Fontoura, deve-se
ao fato de que os terrenos onde se situavam os campos – Av. Tiradentes, mais ou
menos pelo número 300 – foram vendidos para construção de moradias e ambos
ficaram sem campo para jogar. Por um tempo jogaram no campo do Patrão, na
entrada da parada 43, ou fazendo amistosos em campos de adversários. A data de
encerramento do clube também não é exata, o certo é durou até meados da década
de 1980.
O futebol de várzea em Alvorada foi de fundamental
importância para as comunidades do início de nossa história como Município,
pois havia o envolvimento de todos os moradores na organização e estrutura dos
times que muitas vezes eram verdadeiros clubes, não só com um time, mas com campo
e sede.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Fonte: Livro Raízes de Alvorada