terça-feira, 23 de agosto de 2011

EDUCAÇÃO: A SAÚDE DO PROFESSOR


Ainda hoje, depois de quase 20 anos atuando no Magistério, escuto pessoas comentando que a vida de professor é um paraíso, qualquer data comemorativa vira feriado, tem dois meses de férias e trabalha poucas horas diárias. Realmente, o calendário escolar é flexível quanto aos feriados, pois dos 360 dias anuais, o aluno tem 200 dias letivos (aula). Isto também leva a possibilidade de 45 dias de férias mais o recesso de uma semana em julho. Quanto a poucas horas diárias, é uma opção pessoal e/ou de necessidade.


Com um salário básico de “três dígitos” e, no caso do Rio Grande do Sul, bem longe da casa dos 1000, muitos professores fazem concurso para 40h semanais e, assim que possível, pegam uma convocação de mais 20h, totalizando 60h semanais, o que leva o professor a trabalhar 3 turnos diários. Não podemos esquecer que além de estar na sala de aula por no mínimo 48h destas 60h, o professor precisa de tempo para preparar as aulas, elaborar e corrigir avaliações, além de buscar uma atualização permanente através de cursos, leituras e informações diárias do que acontece no mundo.


Somado a este quadro exaustivo de trabalho, temos um sistema que levou à corrupção governamental, desestruturação da família, entre outros tantos problemas que acabam estourando nas crianças, cada vez mais abandonadas por todos e largadas dentro das instituições de ensino, como local de redenção para suas vidas. Mas o resultado é desanimador. As crianças não apresentam limites e o conflito com um professor cansado e, muitas vezes estressado, é “quase” inevitável.


O resultado de tudo isso desemboca na saúde do professor. Os casos de professores que precisam de medicamentos antidepressivos é cada vez maior, sem falar numa parcela que, mesmo após medicamentos e terapias, a única solução é o afastamento de suas funções. A situação é muito séria!


Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Paulo Fernando (RS)