Certa vez Luís Fernando Veríssimo escreveu que na polêmica dos transgênicos você é a favor ou contra, mais por uma questão ideológica, do que por dados de pesquisa que possam te convencer. Assim, como Veríssimo e muitos outros, sou, a priori, contra os transgênicos, mas ao ler a entrevista concedida por Jeffrey M. Smith ao jornal Extra Classe (maio/2004), aumentei minhas convicções contrárias aos transgênicos.
Jeffrey M. Smith é diretor fundador do Instituto para Tecnologia Responsável, além de membro de vários comitês de Engenharia Genética. Esteve no Brasil para falar de transgênicos e divulgar seu livro “Sementes do Engodo – As mentiras da indústria e do governo sobre a segurança dos alimentos transgênicos que você está comendo” (tradução livre).
Um dos discursos pró-transgênicos, que escutamos, é que não há pesquisa que comprove o mal das sementes geneticamente modificadas. Como muitos estudos são patrocinados pela indústria, eles são projetados para evitar que se encontre qualquer problema. Smith fala de leite que foi pasteurizado 120 vezes mais num esforço para destruir um determinado hormônio. Ou seja, muitas pesquisas apresentadas na imprensa são controladas por aqueles que têm interesse na liberação dos transgênicos.
Não podemos esquecer os interesses imperialistas dos Estados Unidos. Hoje aumenta a exportação de alimentos não-transgênicos do Brasil para o mercado asiático e europeu. Por isso, não é de se estranhar a pressão dos norte-americanos para a liberação dos transgênicos no Brasil, assim, forçando Ásia e Europa a aceitar mais soja transgênica.
Mas o argumento mais ridículo é que os transgênicos vão acabar com a fome no mundo. Ora, para acabar com a fome não é necessário entupir o povo de alimentos geneticamente modificados, pois convém salientar que os que passam fome não terão acesso a estes alimentos.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcelo Tomazi